sábado, 2 de maio de 2015

Competência Australiana

Austrália currency (dinheiro australiano), moedas de 50 centavos
(enorme e dodecágono - polígono de 12 lados), 1 dólar, 2 dólares
(pequenina, dourada e grossinha), 5 centavos (pequenina, prateada,
fininha, encontra-se no chão em toda parte pois ninguém quer
pra nada, só trôco, 10 centavos e 20 centavos (maior);
cédulas plásticas de 100, 50, 20, 10 e 5 dólares. Desde 1988.
Dinheiro, dinheiro, dinheiro. O dinheiro está manchando a reputação das universidades australianas, largamente procuradas por asiáticos a fim de obterem um diploma em Inglês para que possam trabalhar com negócios internacionais, fugirem da pobreza de seus países (sim, a China tem muito de Brasil e a maior parte de seu povo ainda vive no interior em condições de inanição), ou tornarem-se cidadãos do mundo.

A ganância é das universidades australianas pelo dinheiro que estes novos ricos trazem, principalmente da China, Vietnã, Filipinas, Malásia e da Índia, onde pais ricos pagam as despesas das universidades dos filhos e além disso também pagam por residências e moradias absurdamente acima da realidade do país.

Prédio principal da Universidade de Sydney: http://sydney.edu.au/
A Austrália é o país de língua inglêsa mais perto da Ásia inteira, e além disso tem um clima quente bem diferente dos países europeus sorumbáticos, enquanto os Estados Unidos andam sendo evitados devido ao grande número de problemas de sua sociedade atual. Além disso também, tem espaço para todo mundo sem se acotovelar como no país deles.

A certa altura, tais universidades começaram a utilizar agentes intermediários para fazerem o trabalho de recrutamento e triagem de candidatos a universitários, repassando para eles o trabalho de fazerem os testes e tratarem da papelada burocrática. O que eles não contavam é que é mais fácil haver corrupção em outros países do que na Austrália, já que aqui também existe corrupção, é claro, mas é mais controlada e discreta, e o fato é que, para os estudantes serem admitidos, testes de Inglês são facilitados, notas são aumentadas por “fraternidade” ou por propinas, e currículos são alterados com mentiras bem feitas que pareçam verdades. Por outro lado, as universidades australianas olham para o outro lado, aceitam e aprovam assim mesmo.

Faculdade de Medicina da Universidade de Canberra
(ANU - Australian National University): http://www.anu.edu.au/
O que acontece então? Aluno estrangeiro chega e quase se desespera ao não conseguir entender nada na classe, e nem sequer quando seus colegas estão conversando informalmente, se virando só com a leitura. Como confessou uma aluna chinesa, “eles pensavam que eu era anti-social porque era muito quieta, mas o que ocorria é que eu não entendia nada do que eles estavam falando”.

Como corolário, alguns professores acabam caindo na esparrela de sugerirem favores “especiais” dos alunos a fim de aumentarem suas notas, como sexuais, por exemplo (e isso foi flagrado pelos repórteres da TV nesta reportagem).

Daí nasce a cópia dos trabalhos dos outros para passarem, ou seja, o plágio. Atualmente mais da metade dos trabalhos feitos pelos alunos universitários estrangeiros é plágio, como disse uma professora entrevistada. Ela não passa estes alunos, mas as universidades então pedem a outros professores para reavaliarem, e estes acabam passando os alunos despreparados. Nas entrelinhas há a política de passar o máximo possível dos estudantes, e até o professor que não passar 80%, é mal visto e pode acabar sem emprego por isso. A desgraceira que os alunos vão fazer no futuro, depois que conseguirem se graduar e obterem emprego sem saber fazer as coisas, não parece ser preocupação desta indústria milionária mais interessada em pagar dividendos aos seus sócios, como num negócio corporativo, que é o que elas hoje são.

Universidade de Deakin, em Melbourne: http://www.deakin.edu.au/
Mais de $300 mil reais por um curso universitário é o que os pais destas crianças pagam por elas na Austrália, mais de $40 mil dólares por semestre, sem falar nas acomodações. Tanto dinheiro tem que dar algum resultado, e os alunos não voltam se não passarem, por isso, ao serem reprovados, eles inundam os endereços de emails dos professores com pedidos, implorando outras oportunidades, “fazendo o que os professores quiserem”, e até ameaçando se matarem.

A política das universidades hoje é dar mais chances aos alunos, permitir eles apresentarem um trabalho várias vezes, até depois que o período letivo terminou, contanto que passem. Afinal, no ano passado, os alunos estrangeiros contribuiram com $17 milhões de dólares para a indústria das unversidades australianas, segundo a rádio ABC.

Universidade de New South Wales (estado de Nova Gales do Sul)
https://www.unsw.edu.au/
Na semana passada meu marido soube do comércio de alunos que pagam empresas para fazerem seus testes online em cursos de universidade à distância, um outro escândalo exposto na mídia recentemente e relacionado com este.

A avidez dos alunos internacionais é feroz, e assim também é a avidez das universidades pelo dinheiro deles. A reportagem disse que os australianos natos,  não passam por isso, porque falam e entendem o Inglês bem e não precisam maquiar seus trabalhos.

Um dos resultados é que o padrão de ensino e a reputação das universidades australianas estão altamente ameçados de perder a concorrência internacional atualmente por causa deste estado de coisas. Para passarem os alunos, eles facilitam o programa. O nível acadêmico da Austrália no ensino médio está atrasado 3 anos com relação aos países asiáticos, muito mais exigentes, e por isso, entre os imigrantes também tem muito aluno de altíssimo nível.

Estilo das aulas. Veja mais aqui, em Inglês, 4 Diferenças Entre
Universidades na Austrália e na França
http://blogs.acu.edu.au/
international/3965/4-differences-between-university-in-australia-and-
france/
Nós já achávamos o sistema de ensino universitário australiano um desastre total, imagina agora depois do estouro de mais este escândalo. Nossos filhos passaram por elas e nos mostraram como era o sistema. Professores praticamente não existem como os percebermos no Brasil, de corpo presente para tirar dúvidas pessoais. Aqui é um professor para 500 alunos num auditório de alta tecnologia de imagem, ele não pode tirar dúvidas de todo mundo nem que queira. Dúvidas são tiradas em meia hora depois das aulas, em fila, porém as aulas são poucas por semana. Os alunos praticamente tem mais horas vagas do que com aulas, mas mesmo assim são considerados como estudando tempo-integral. A maior parte do tempo deles é para eles próprios fazerem suas tarefas, suas pesquisas por conta própria, irem para a biblioteca, montarem projetos em grupos e defenderem suas apresentações.

Aulas em auditórios. Intimidante, não é?
As férias são provavelmente as maiores do mundo. Tem férias a todo instante, quatro férias por ano, duas semanas a cada sete semanas, e umas férias finais na virada do ano que parece que não vai acabar mais, de novembro a março. Os alunos até esquecem que estão estudando, bom para quem consegue emprego nesse período como minha filha conseguiu um contrato por 4 meses.

Os alunos então fazem tudo sozinhos, muito trabalho, um em cima do outro, ou seja, para aqueles que não tem costume de estudarem por si próprios, nem pensem em vir estudar na Austrália e nos países afluentes que é tudo igual. Se vire sozinho, os professores só servem para riscar e dar nota, dar tarefas, indicar a direção para o aluno ir procurar suas respostas. Esse jeito de ensinar em universidade para nós é considerado um ultrage, principalmente pensando-se no preço absurdo que se paga, mesmo que haja crédito escolar para os cidadãos australianos pagarem depois de formados.

Aproximadamente mais de 200.000 estudantes internacionais estão estudando nas universidades da Austrália. A maioria deles são provenientes da China, Índia, Malásia, Singapura, Indonésia, República da Coreia, Hong Kong, Vietnã, Tailândia e Nepal. Veja aqui, em Inglês:

http://www.educationbrochures.com/


Veja mais o que diz esta reportagem que foi divulgada nos últimos dias.

GRAUS DE DECEPÇÃO

Por Linton Besser e Peter Cronau, 21 de abril de 2015

A Austrália tem sido dominada por um debate nacional sobre a forma de financiar o nosso ensino universitário.

Mas, talvez, haja uma questão mais importante: qual o valor disso?

Asiáticos são maioria, bem mais do que os próprios australianos que
não gostam de estudar
Uma investigação do programa de TV Four Corners (Quatro Cantos) expôs novas evidências alarmantes de um declínio no padrão acadêmico das nossas instituições em todo o país.

Professores e tutores estão de braços com uma maré de má conduta e pressão acadêmica de gerentes de faculdade a fim de fazer passar os alunos fracos. Muitos dizem que interesses comerciais imperativos estão tomando o lugar do rigor acadêmico.

Mas por que isso está acontecendo?

Como o financiamento do Governo Federal para as universidades diminuiu, os vice-reitores foram forçados a procurar outra fonte para preencher o vazio.

Futura cientista e os laboratórios das universidades, cada dia mais
sofisticados e caros.
E durante a maior parte das últimas duas décadas, eles estiveram tateando em um mercado em franca expansão – estudantes estrangeiros que pagam o curso inteiro completamente.

Nesse instante 40 universidades do país estão embolsando bilhões de dólares de estudantes que estão desesperados por um diploma de uma universidade australiana e com a possibilidade de um emprego e residência permanente.

Mas, para garantir um fluxo constante de estudantes de outros países, as universidades tiveram de garantir que seus requisitos de entrada fossem suficientemente baixos.

Esta semana, o repórter Linton Besser também forneceu evidências alarmantes de corrupção entre a rede de agentes no exterior que recrutam estudantes para o negócio em nome das universidades.

Não são salas de aulas, são vários auditórios, laboratórios e
bibliotecas. Se você não souber organizar seu próprio horário e sua
vida, você não pode estudar em uma universidade na Austrália.
“O risco é que eles estejam colocando candidatos nas universidade com falsas qualificações ou que eles saibam terem sido enganados nos testes, ou que estão tentando realizar algum tipo de fraude com o visto do passaporte” - diz um investigador de corrupção.

Ironicamente, esta situação também está colocando os estudantes internacionais sob enorme pressão.

Apesar das promessas dos agentes, e depois de conhecerem os requisitos de entrada das universidades, muitos não têm o nível de Inglês necessário para realizarem com sucesso um curso de graduação. 

É uma situação que deixa os alunos isolados e desesperados; um cenário alimentando um próspero mercado negro de plágio e de corrupção de alguns acadêmicos.

Uma professora experiente contou ao Four Corners que a falha em manter os padrões do curso que ela ensina significa que os diplomados podem colocar vidas em perigo, quando eles começam a trabalhar.

Auditório de aulas de advocacia da UNSW em Sydney
“Eles podem se achar numa situação em que são os únicos enfermeiros de plantão. E isso é algo que me assusta.” – diz a professora de enfermagem de uma universidade.

Com as universidades agora viciadas na renda derivada dos estudantes estrangeiros, muito poucos funcionários da universidade tem coragem de reconhecerem abertamente esses problemas. Aqueles que o fazem, dizem que enfrentam a possibilidade de perderem seus empregos.

GRAUS DE DECEPÇÃO, por Linton Besser e apresentado por Kerry O'Brien, foi ao ar na segunda-feira 20 de abril às 8:30 da noite na ABC. Foi reprisado na terça-feira 21 de abril às 10:00 da manhã e novamente na quarta-feira 22 à meia-noite. Também pôde ser visto na ABC News 24 às 08:00 da manhã do sábado seguinte, na ABC iview e na página da net abc.net.au/4corners.

Decepção

Nesta reportagem de março de 2012, uma estudante paquistanesa abre o verbo e diz que, nas universidades australianas, alguns cursos são como se os estudantes voltassem ao segundo grau. Ela diz que as universidades tem que melhorar para receberem os melhores alunos do resto do mundo, pois certos professores nem falam Inglês direito, as classes são imensas, e nas aulas os professores simplesmente ficam lá na frente e lêem os slides.


Ela diz que muitos alunos da Ásia, onde a educação é muito competitiva, chegam com grandes expectativas e sofrem grandes decepções. Ela também falou que o governo deveria investir em facilitar a vida dos estudantes estrangeiros, evitando deles terem que se acotovelarem em 10 a cada acomodação e também melhorar os transportes públicos.


Em 2012, havia cerca de 550.000 estudantes internacionais na Austrália a cada semestre (não só nas universidades) e no ano anterior eles haviam contribuido com 13,9 bilhões dólares para a economia. Veja artigo em Inglês aqui, Estudantes Estrangeiros Dizem que Algumas Universidades Australianas São Burras:


http://www.news.com.au/finance/foreign-students-say-some-australian-universities-are-dumb/story-e6frfm1i-1226294362274

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