sábado, 19 de julho de 2014

Estudantes Internacionais Morando na Austrália

Acomodação de estudantes internacionais na Austrália pode ser uma faca de dois gumes. 

A Austrália realmente tem algumas universidades classificadas como entre as melhores do mundo. 

Mas também é do conhecimento geral que praticamente 80% dos alunos destas universidades são estrangeiros ou filhos de imigrantes, com um percentual muito baixo de australianos natos. 

Entre os estrangeiros, quase metade vem do país de origem deles, filhos de pais abastados ou pagando empréstimos lá mesmo, a fim de estudarem, aprendrem Inglês, para o futuro deles e talvez do país deles. 

Acomodação estudantil pela hora da morte, uma das indústrias 
mais rentáveis na Austrália atualmente
Muitos destes universitários acabam arrebanhando os melhores empregos de alto nível da Austrália. É normal você ir a um especialista de qualquer área médica e ele ser asiático ou simplesmente de outro país, como Egito, Índia, da Europa Oriental, China, Malásia, Filipinas ou Indonésia.

Enquanto isso, muitos profissionais qualificados em seus países de origem não conseguem ter suas qualificações aprovadas pela Austrália, e acabam sendo mandados de volta para países como Alemanha, Estados Unidos, Inglaterra ou qualquer outro país supostamente superior à Austrália. As exigências australianas são muitas vezes exageradas.

Os australianos natos não gostam de estudar. Eles conseguem viver bem para os padrões que aceitam tendo empregos simples de nível médio, de escola ténica, e isso está bom para eles. É assim que a Austrália ainda é igualitária e não tem pobres. Estes estão cada vez aparecendo em maior número, mas ainda não o bastante para criarem favelas, o que, aliás, se tentarem, não durarão nem um dia. O máximo que podem é morar nas ruas.

Porém a maioria dos estudantes estrangeiros na Austrália, que pagam tão caro pelos seus cursos e não tem a regalia de um crédito educativo oferecido apenas para os cidadãos, não tem pais ricos. Eles vêm pra cá com o sonho de que é um país de oportunidades, um segundo Estados Unidos, uma terra onde tudo é possível, conforme a imagem vendida em anúncios mundo afora, como está acontecendo no Brasil, por exemplo. Veja aqui:


Veja a lista completa das 191 profissões aqui:

http://www.immi.gov.au/Work/Pages/skilled-occupations-lists/sol.aspx

Um destes anúncios recentes no Brasil (veja acima) oferece a Austrália como um país repleto de vagas de emprego para várias profissões, entre elas Arquitetura. 

Bem, eu diria que, se você for um profissional abaixo de 45 anos, de sucesso no Brasil e puder provar isso, é possível que consiga o tal do contrato patrocinado, que é a melhor forma de emigrar para a Austrália, depois de exaustivas investigações onde eles ligam para sua universidade para provar que ela lhe conhece, e também para as suas referências, dispondo até de funcionários que falam Português para isso, e também depois que todos os seus certificados traduzidos são aprovados pelos órgãos competentes, e finalmente depois que você próprio é aprovado em entrevistas. Não pode cair em contradição e também não pode ser perfeito, pois perfeito não existe, e eles querem saber mais é como você lida com as situações do que sobre o sucesso que você propaga. Dicas do meu marido.

Porém, se você é isso tudo aí em cima, não vai querer emigrar, não é mesmo?

Por isso a maioria dos brasileiros vem com a cara mesmo, quando pode paga as custas e cursinhos de Inglês, enquanto fica batalhando no mercado pra conseguir vaga. Dificilmente alguém consegue se encaixar assim, mas há quem consiga. Afinal, água mole tanto dura, vocês sabem. A média para se arrumar emprego na Austrália é de 6 meses para as pessoas normais que já estão no mercado e ficam desempregadas. São centenas de contatos via email, ligações e dezenas de entrevistas, quando de repente você tem a sorte, como numa loteria. O QI aqui também funciona muito bem, obrigado, não é jeitinho brasileiro não. Serve para os indianos e asiáticos, por exemplo, que costumam se ajudarem. 

Benvindo, "sir"
Porém, se você tem dinheiro bastante mesmo e está disposto a investir, todas as portas lhe estarão abertas. Só falta o tapete vermelho, reservado para os sheiks...

Bem, de volta à realidade, conheço um arquiteto que veio da Europa falida e não conseguiu emprego decente e já vão lá 2 anos. Ele chegou a viver em algumas fazendas de graça, sem ganhar nada, só ajudando nos porcos, vacas, ovelhas e colheita apenas com o direito de comer e dormir, para fazer horas trabalhadas a fim de justificar renovação de visto. Cansado daquela atividade, ele pegou outros empreguinhos avulsos, sempre passando fome, literalmente, tornando-se arrasado. É um rapaz bonito e sadio, formado, que fala 3 idiomas e que está definhando. 

Esta semana me deparei com o filho de amigos brasileiros de Canberra, o qual teve uma surpresa ao me encontrar nas ruas de Sydney. Como? Ora, ele retornou à Austrália depois de 8 anos e está fazendo mestrado depois de haver se formado no Brasil. Ele voltou para o Brasil ainda adolescente porque não aguentava mais a vida em Canberra, onde não podia sair com os colegas, todos envolvidos com álcool e drogas, ele sempre monitorado de perto pelos seus zelosos pais. No Brasil ele se esbaldou, mas agora está de volta à Austrália a fim de completar sua formação.

Assuma
Ele mesmo, nos seus 25 anos, rapagão bronzeado brasileiro, falou que já tem 6 meses aqui e nenhum amigo ou amiga, que a Austrália não tem jeito mesmo não. Este rapaz é um dos mais sociáveis que conhecemos, comunicativo, muito educado e feliz. Obviamente que o problema não é dele. 

Notem que sempre reclamo deste problema da superficialidade dos australianos, e até aquele meu conhecido arquiteto jovem também reclama do mesmo jeito.

Pois bem, como a maioria dos universitários estrangeiros não é rica, ela tem que se virar para viver na Austrália.

Se você é rico e pode pagar por acomodação tipo padrão normal australiano, você pode instalar-se num kitnet só para você com acabamento chique. Veja no final deste post alguns exemplos.

Recente incêndio expôs mochileiros morando neste ônibus
Acontece que houve um incêndio duas semanas atrás, e quando os bombeiros foram debelar o fogo praticamente no centro de Sydney, descobriram que havia estudantes e mochileiros vivendo em containers e até em trailers velhos sem rodas, encostados neste galpão industrial, em pleno bairro bom em Sydney. Na mesma quinzena outra acomodação do mesmo tipo sofre outro incêndio. A comunidade ficou tão chocada com o que descobriu, favelas em Sydney, que logo mais a TV ABC fez uma reportagem denunciando as condições em que grande parte destes estudantes se encontram na Austrália.

Anúncios em toda parte, destaque um telefone e ligue
A Austrália goza de má fama no que diz respeito a acomodações de estudantes e mochileiros. Em 1989 morreram 6 num incêndio num hotel no bairro boêmio de Kings Cross, em Sydney, e mais 15 foram mortos no estado de Queensland, em 2000. Um outro exemplo é uma casa no bairro de Ultimo, que teve seus 2 andares e 3 quartos transformados em 22 camas.

Eles vem para a Austrália cheios de sonhos, e conforme os anúncios propagados pela internet e nos postes da cidade, desse jeito eles podem pagar. Não sabem eles o que lhes espera, e quando já estão aqui, não vão mais desistir e ir embora, o jeito é aguentar. Entrevistado, um estudante italiano denunciou que dezenas de anúncios diferentes apresentam o mesmo número de telefone.

Exemplos de Acomodação para Estudantes Pobres

Você pode morar em prédios vistosos, vistos de longe
Amuntuado na mundiça! Brincadeirinha, mas nem tanto...

Para dar um exemplo, um único dono de um pequeno super-mercado (apenas um negócio de fachada) aparentemente do Oriente Médio, ganha milhares de dólares explorando estes estudantes. Ele cobra $300 reais por semana, o que dá mais de $1.200 reais por mês para atolar até 14 jovens em apartamentos de 2 quartos. Para caber tanta gente, não há sala de estar nem mesa de jantar. A $1.200 por cabeça, só os 14 de um único apartamento pelo qual se pagaria $6.000 reais por mês de aluguél, o dono lucra $10.800 reais por mês. Com mais de 60 apartamentos no centro de Sydney, em bairros como Pyrmont e Ultimo, o dono pode arcar com vários Ferraris e Lamborhinis, além de morar de frente para o mar em Brithgon Le-Sands. Se pelo menos ele sustentasse metade de um pequeno país africano...

Assim, vistos de perto...
Só este dono de apartamentos possui 60 apartamentos espalhados pelo centro de Sydney. A aparência dos prédios é no mesmo nível de todos os prédios chiques de Sydney, o problema é por dentro. Como sempre, a famosa aparência hipócrita. Por dentro um jovem italiano entrevistado revelou ser infestado de baratas, enquanto achava-se chocado por isso ser tomado como normal por todos. Como se isso não bastasse, o apartamento em que ele se hospedou era sujo e cheirava mal. 

Com pouco tempo de chegados, os jovens são oferecidos empregos mal pagos, pelo que dão graças a Deus para ajudar nos gastos estúpidos. Trata-se de uma exploração ilegal em escala mundial, ignorada pelas comunidades e autoridades do país.

Vários beliches num quarto só, de mais perto ainda...
Estes jovens se submetem a este tipo de tratamento, mas tem um consolo: internet de alta velocidade de graça. Dividindo com mais 13 usuários em casa, não creio que possam falar muito no Skype com seus parentes sem a conexão ser derrubada.

Para muitos ainda é melhor viver assim do que no país deles, mas, fora isso, muitos ainda sofrem preconceitos e ataques racistas, como os que frequentemente visam mulheres, as quais acabam assassinadas em parques públicos, depois de estupradas, como recentemente aconteceu com uma francesa e três chinesas.

E então, ainda estão a fim de virem para este paraíso? Sejam benvindos, deslumbrados.

Para quem sabe Inglês, veja a reportagem aqui, que contém o vídeo passado na TV ABC no dia 17/02/2014, chamado "Houses of Terror" (Casas do Terror):


Então, a Austrália é realmente um país de oportunidades, só que do lado contrário, ilegalmente, na contra-mão. Vai encarar?

Um outro estilo de acomodação
Contudo, verdade seja dita, se você é realmente estudioso, e aguenta o rojão de morar nestas condições enquanto estuda, poderá colher os louros de conseguir as melhores profissões na Austrália. Contudo, é preciso um excelente nível de Inglês, nada que jovens como vocês não aprendam por osmose no dia-a-dia. Fiquem também sabendo que no primeiro ano acontece o maior número de desistências em todas as universidades australianas. 

Bagunça, pra quem não se importa
A barra é pesada, o sistema é totalmente diferente do brasileiro, estudantes trabalham mais do que professores, é preciso fazer muito mais pesquisa por conta própria do que qualquer brasileiro jamais sonhou. Na universidade, aonde meus filhos estudam, por exemplo, praticamente eles tem que fazer tudo sozinhos, em casa, na internet, e se precisarem tirar dúvidas com os professores, cujas aulas são em imensos auditórios para mais de 500 alunos, é preciso marcar hora e encaixar dentro da meia hora no meio de todos os outros alunos com dúvidas.

Não é para desencorajar ninguém, minha gente, é apenas a realidade para estar-se preparado, sem deslumbramentos. Prepare-se pra trabalhar de verdade. 

Exemplos de Acomodação para Estudantes Ricos

Quarto

Sapatos na porta ou no corredor
Com ou sem varanda, cama, escrivaninha, cadeira, prateleiras, quadro de avisos, pequeno quarda-roupa não embutido, banheiro minúsculo com chuveiro e pia. 

Você tem que comer fora ou providenciar sua comida e esquentá-la na cozinha comunitária. As mais procurdas instalações são menos custosas porque provêem apenas o quarto, num apartamento de 5 quartos com 2 banheiros, cozinha e sala comunitários. Algumas destas acomodações ficam dentro do próprio campus e têm horário para sair e entrar por causa de segurança. O banheiro e a cozinha estarão sujos com frequência pois afinal são estudantes de países e culturas diferentes. A sala terá estante com dezenas de sapatos sujos e usados pois eles trazem esta prática do país deles. Arrumação, limpeza e organização não é o forte.

Studio

Igual a apartamento, porém tem mais 1 pia, 1 forno e uma mesita com duas cadeiras para jantar, ou seja, você pode cozinhar e comer em casa.

Preços em dólares por semana como é a prática daqui, convertidos em reais por mês (mais de 4 semanas num mês): 

  • $348.50 dólares por 1 quarto, ou seja, $3.000 reais por mês
  • $384.38 dólares por 1 studio, ou seja, $3.400 reais por mês
  • $386.54 dólares por 1 quarto com alimentação, ou seja, $3.500 reais por mês
  • $410 dólares por 1 studio duplo, ou seja, $3.600 por mês
  • $422.41 dólares por 1 studio com alimentação, ou seja, $3.800 por mês
  • $448.04 dólares por 1 studio duplo com alimentação, ou seja, $4.000 por mês

Nesse caso, no próprio campus da universidade
Quando você se inscreve nestas acomodações, se você não for um dos primeiros a se inscrever, será jogado para onde eles quiserem, ou seja, dificilmente poderá escolher com quem vai morar, se for apartamento compartilhado.

Uma vez na universidade, se você é mesmo comunicativo, pode conseguir alugar um apartamento normal perto da universidade, de 3 quartos, com dois colegas, onde cada um terá seu quarto, na redondeza, e viver melhor entre amigos que se escolheram. Provavelmente pagará a mesma coisa, mas terá muito mais liberdade, como se fosse sua casa. Poderá mobiliá-lo com móveis baratos e de qualidade da Ikea ou comprar móveis e TVs usados a conhecidos ou nas tão comuns vendas de garagem que as pessoas fazem em suas casas.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Violência Doméstica

Violência Doméstica na Austrália?

Mentira.

Que brasileiro morando na Austrália vai contar uma blasfêmia destas? 

Pois é, este é um assunto que venho pesquisando faz tempo para escrever aqui, porque tenho visto cada vez mais nos noticiários toda semana mas só agora os australianos estão resolvendo assumir como uma epidemia.

Dá para acreditar? Como é que num país como este, de primeiro mundo (faço questão de repetir isto sempre) existem tantos casos de violência doméstica numa sociedade toda de classe média para cima e educada? 

Violência doméstica
Dêem só uma espiada nisto aqui: mais de 27.000 ataques domésticos foram reportados à polícia no ano passado no estado de NSW, cuja capital é Sydney, numa média de 74 ataques por dia.

O maior número de ataques ocorre no interior, pelo mapa estatístico publicado pelo jornal online Sydney Morning Herald (http://www.smh.com.au/comment/smh-editorial/time-to-act-on-domestic-violence-20140307-34cqt.html), lá no "bush", na área noroeste do estado, quase deserto, onde mais de 1.500 ataques ocorrem para cada 100.000 habitantes. A quantidade vai caindo quando vamos nos aproximando do litoral.

Do editorial do link acima, traduzi o seguinte trecho contundente:
"Nas sombras, atrás das cortinas, na escuridão da noite. Nas mentes perturbadas daqueles que dizem que a amam, nos hematomas que você disfarça e esconde. Das misteriosas profundezas do abandono, em desespero para escapar. Na solidão do vazio, paralisada de medo. Nos escuros dias frios você permanece, pelo bem das crianças. Quando estará segura?
A violência doméstica arruina vidas. Em cada caso confirmado, mais vítimas morrem envolvidas no silêncio e outro sem número se submete à tortura diária de não saberem quando irá acontecer de novo.
Com muita frequência nós, vizinhos, família, amigos e colegas australianos falhamos em não enxergar. Pior ainda, fazemos de conta que não enxergamos."

O Australian Bureau of Statistics (Bureau de Estatísticas da Austrália)
descobriu que mais de 60 por cento dos casos de violência doméstica
não são denunciados
Uma mulher morre toda semana por causa de violência doméstica na Austrália, diz a reportagem de março de 2014. No estado de New South Wales, uma mulher é hospitalizada a cada 3 horas e no país 1,6 milhões de mulheres já experimentaram violência doméstica pelo menos um dia em suas vidas. 24 mulheres foram mortas no ano passado por incidentes relacionados a violência doméstica. De todos os homicídios no estado de NSW, 42% são domésticos. 

Ora, porque chamam de "violência doméstica"? Não seria violência masculina? Os comentários ao artigo do jornal pelos leitores descambou para uma guerra entre os sexos. Alguém mencionou o site "Campanha 1 em 3" ("One in Three", http://www.oneinthree.com.au/) como fonte do outro lado da medalha, o lado que diz que 1 em cada 3 casos de violência doméstica acontece também com homens.

Homens são vítimas também
O jornal Herald, por ocasião do dia da mulher em 2014, lançou uma campanha de um ano a fim de iluminar o povo e os líderes visando uma mudança relativa ao que se tornou uma tragédia nacional num país que se diz civilizado, tolerante e seguro. Pois isso não é o que todo brasileiro enche a boca para propagar?

Não fique calada, diga não à violência doméstica
A modificação de atitude visada significará repensar muitos dos mitos sobre o que uma minoria significativa de homens considera ser australiano: ser macho, forte, e provedor da família. Não poder mostrar sinais de fraqueza, não poder falar de emoções e não poder procurar ajuda. Auto-medicar-se é uma doença mental, e colocar a culpa nos outros por suas falhas é regra. Dois pesos e duas medidas é a atitude normal.

O grande estopim é a bebida...
O que diabo estas mulheres fazem pra merecer isso? Isso é o que meu marido pergunta. Eu digo que é a cultura masculina australiana da bebedeira. O bêbado não tem noção do que faz, e a cultura da bebida alcóolica na Austrália é dominante, tradicional e folclórica.

Pesquisa da Access Economics revela que cerca de 1,6 milhões de mulheres australianas experimentam violência doméstica em algum ponto.

Estas são apenas as estatísticas oficiais. Metade dos abusos não são denunciados.

96.000 mulheres australianas foram para o trabalho hoje
afetadas por violência doméstica
São as mães dos australianos, as filhas deles, as irmãs, esposas, namoradas, pessoas que trabalham na mesa ao lado deles. São pessoas reais em números absurdos, e não de ouvir falar, são pessoas do seu convívio. Tá com alguma parte do corpo roxa? Desconfie e não acredite nas desculpas esfarrapadas.


É inacreditável o que minha mulher pode fazer
com uma frigideira
Por baixo do verniz social da respeitabilidade dos dados demográficos, as mulheres estão sofrendo de abusos físicos, psicológicos, manipulativos e controladores como vítimas de predatores. O abuso provém de um tipo de pensamento que culpa a vítima e não respeita o parceiro do outro gênero, a outra cultura, o outro estilo de vida ou simplesmente a fraqueza e dependência do outro.

Crianças estão sendo atacadas, traumatizadas e usadas como armas. Mudar isso vai exigir confrontar a cultura de não se tocar no assunto.


As mulheres, em particular, tem medo de denunciar para não cairem no ostracismo e desolacão econômica. As testemunhas acham que é coisa privada e também temem represálias. Todos se calam por isso.

É preciso que as pessoas coloquem a boca no trombone a fim de protegerem as vítimas, levantando o véu do sigilo e da privacidade. É verdade que a mulher de hoje, economicamente independente, sabe que existem órgãos para ajudar quando o parceito torna-se abusivo. Algumas correm o risco de abrirem o verbo publicamente e se recusam a ficarem caladas. Mas só umas poucas pedem ajuda ou usam a ajuda das cortes jurídicas, ou da polícia, com medo de perderem a permanência em suas casas.

Ajuda telefônica 24 horas, 7 dias por semana
A maioria vive com medo de ser caçada pelo parceiro, se fugirem. Campanhas como a "Say No to Violence" (Diga Não à Violência) e "White Ribbon Day" (Dia da Fita Branca) tem ajudado a aumentar a preocupação social e mudar as atitudes de muitos homens, cujo papel em divulgar as mudanças para os amigos é fundamental. 


Homem de verdade não bate em mulher
Infelizmente, muitos culpados tem respondido em forma de se esconderem atrás de um problema mental, gerado por ciúmes regados a baixa-estima deles. Eles tentam destruir a auto-confiança das vítimas ao ponto em que cada um torna-se prisioneiro do outro, o dependente do algoz e vice-e-versa. Os indícios iniciais nestes casos são difíceis de serem identificados. Chega a um ponto em que mulheres são assassinadas sem nem mesmo terem sofrido nenhuma agressão física, dizem os pesquisadores, devido a este processo incidioso.

A agressão não precisa ser física
A mudança desejada na sociedade exige coragem para rejeitar os homens dando suas desculpas tradicionais: eles dizem que não acontecerá de novo, que estão estressados, pedem desculpas, e até choram. Muita mulher cai nessa. Não interessa, eles estão cometendo atos criminais indesculpáveis. 

Muitos apelam para uma raiva temporária e passam por cima do fato de que usam o controle financeiro como arma de punição.

Os australianos sempre culparam o comportamento embriagado dos maridos como norma. Muitos homens cresceram em famílias sem pulso com relação a isso, e muitas tem sido afetados seriamente por causa isso.

Se existe violência doméstica, as crianças denunciam
em seus desenhos escolares
As pesquisas mostram que crianças de famílias onde reina a violência doméstica tendem a repetir o padrão quando adultas. Tanto as mulheres procuram o masoquismo, quanto os homens tendem ao sadismo.

O problema se mantém através das gerações, mesmo apesar das novas leis contra o abuso de bebidas alcoólicas nas ruas que diminuiu a interferência delas nos ataques não domésticos.

Existe um termo comum relacionado à violência doméstica: falta de respeito. 

Violência doméstica leva a vida de uma mulher na Austrália
a cada semana, denuncia a polícia do estado de Victoria
Os modelos de comportamento na área esportiva estão sempre muito envolvidos com a falta de respeito às mulheres, e as crianças então copiam. A tarefa de conter a agressão a pessoas tem se tornada ainda maior com a entrada do "cyber bullying" (ofensas via internet e redes sociais), dificultando botar na cabeça destes jovens meninos se tornando homens que brigas podem ser resolvidas sem conflitos e choques de personalidade não precisam descambar para a violência.

Departamento regional da cidade de Cairns, estado de Queensland,
de apoio às vítimas de violência doméstica
O que a ministra da Família e dos Serviços Comunitários está fazendo é re-engenheirando as penas para os perpretadores de violência doméstica. 

Aí é onde mora o nó da Austrália.

Passos contra violência doméstica
Todo brasileiro sabe que educação vem de casa. Os australianos não sabem, coitadinhos. Ao invés de penalizar, eles precisam mais é educar, precisam ter autoridade moral e não física ou financeira, mas a tendência de todos estes países ditos afluentes é não atacar as fontes, mas as consequências, e com isso acabam penalizando todo mundo, os maus e os bons, tornando a sociedade injusta e insuportável.

A ministra Prudence Goward também pretende garantir que as vítimas não tenham que repetir suas histórias funestas centenas de vezes a fim de obterem ajuda, estabelecendo uma base de dados e gerentes de casos. Trabalhadores do serviço social acreditam que os australianos tem sido eficientes em manterem o silêncio com relação a violência doméstica, porque eles parecem não ter ouvido muita coisa a respeito.

Centro de Queensland para Pesquisa da Violência Doméstica
e em Família
Campanhas como a "Shine a Light" (Acenda uma Lâmpada) e "Herald and Daily Life" (O Herald e a Vida Diária) objetivaram tirar o país da idade média e tornar mais fácil para as famílias viverem em segurança, livres da violência doméstica.

    
Violência é inadmissível de qualquer maneira. Não estamos mais vivendo no tempo das cavernas. Porém o mundo inteiro ainda tem muito o que aprender.