quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Feliz Natal de Luz


Nosso dia de Natal em Sydney foi... dentro de casa e com chuva por 24 horas. 

Não tem dia que eu deteste mais do que um dia chuvoso porque me impede de sair de casa, uma vez que gosto muito de caminhar, pra começo de assunto, e neste dia não tinha como fazer absolutamente nada, pois tudo estava fechado e não se podia colocar o pé na rua.

Quem quiser que goste de chuva, mas eu não gosto. Nem mesmo durante a noite, pois ela me acorda com seus trovões.

Para mim, o dia de Natal de ontem foi a cara da Austrália, vazia, distante, sozinha, abandonada e triste. 

Na realidade, como disse um novo colega brasileiro do meu marido, Sydney está cheia de coisas pra fazer. Isso para quem mora em Canberra, realmente, tem muito mais coisas do que lá. Mas, dando uma geral no jornal e na internet pra ver que coisas são essas, minha gente, o que vejo são corais de Natal em alguns bairros e cidades da Austrália. Corais de Natal no verão, chamados de “Carols by Candlelight” (Canções de Natal à Luz de Velas), segundo uma reportagem no jornal, foram invenção australiana de Melbourne em 1938. Veja aqui (em Inglês):


Típico "Carols by Candlelights"
Claro que eles são bonitos, mas sair de casa de tarde para garantir um lugar num parque a fim de ver um coral cantar a centenas de metros de distância não é exatamente o tipo de programa (de índio) que me impele a participar. Principalmente quando a espera de horas corre o risco de ser uma espera totalmente ensopada de chuva. 

Uma outra atração que vi na internet são as luzes de Natal, que hoje em dia se traduzem em projeções de centenas de imagens coloridas em prédios tradicionais da cidade, outro espetáculo que requer imolação durante horas para garantir um lugar, quando não se tem que pagar por isso, e caríssimo, só pra se ficar estático olhando para dentro de um caleidoscópio (quem sabe o que é caleidoscópio?).

Caleidoscópio
Imagem de caleidoscópio
Vivid Festival em Sydney
Mas isso até em Triunfo, Pernambuco, tem:


Todo ano asso um peru de Natal comprado no super-mercado e assado no forno. Pelo menos isso. Partes de peru, diga-se de passagem. E este ano nem mesmo bebidas espumantes tivemos, e até a mini-árvore de Natal que sobrou dos outros anos, foi armada. E quase ficávamos sem presentes e sem cartões. Porque, de repente, toda a atmosfera de Natal se esvai em nossas vidas quando mudamos para um país com outra cultura, a começar porque toda a minha família ficou no Brasil e amigos não temos, como já falei.

Peru de Natal australiano onde portar chifre de veado é comum...
Um aparte aqui: chifres na Austrália não tem a mesma conotação brasileira. Aqui todo mundo leva chifres... no Natal é comum todo mundo usar chifres de veado ("reindeer antlers"), e até nos carros. No início estranhamos mas depois acabamos por nos acostumar, vejam só. E como se não bastasse, as pessoas também costumam usar chapéus malucos no Natal. Deve ser pra substituir a família...
Chapéu de veado
Sem comentários...
Vendendo chapéus de veados no Natal em troca de doações...
Carro de veado
Uma gracinha, não?
Você usaria?
Nariz de veado
No início, quando chegamos aqui em 1999, passávamos o Natal com os outros brasileiros do grupo, mas eles foram se dividindo em sub-grupos conforme os interesses de cada um, e os grupos foram se reduzindo ou migrando de casas, até que sobrou uns dois ou três casais junto conosco. Ainda assim era divertido e transmitia a atmosfera do nosso Natal familiar brasileiro.
Não foi bem assim...
Quando o último casal de nossas relações retornou definitivamente ao Brasil, ficamos sozinhos, então foi a vez de juntarmo-nos a uma festa de Natal à lá britânica ou australiana. Dispendemos uns dois anos participando desta festa bastante diferente da nossa, a qual não nos dava assim tanto prazer por vários motivos, entre eles a tal hora marcada e a tal conversa totalmente superficial entre os convidados, e talvez também pela comida sem gosto, como é de praxe.

Na terça (véspera do Natal) fui dar uma volta de carro pelo centro e fotografei a "decoração" de Natal do centro de Sydney. Quando comparada à decoração de Recife, por exemplo, a qual recebi fotos pela internet, a decoração de Sydney praticamente não existe.  Talvez exista alguma decoração em outro bairro, não fui conferir, mas eu estava no coração de Sydney, aonde estão os turistas. Minha filha chegou a ver uma série de Papai Noels boiando no cais de Darling Harbour, mas sinceramente, é totalmente sem graça, principalmente quando nos lembramos que o australiano basicamente não tem religião, não se pode dizer que sejam nem cristãos, e muito menos tenham respeito pelo nascimento de Jesus ou evitem de zombar sobre Deus. Eles simplesmente não se contêm, por isso, um conselho pra vocês se um dia vierem visitar a Austrália: não se choquem com a reação deles quando vocês citarem religião, Deus, Jesus ou qualquer coisa espiritual. Eles não acreditam e vão zombar de vocês nas suas costas, se não zombarem de outros na sua frente só pra lhes dar uma dica do humor deles com relação a estes assuntos que desprezam.

Decoração de Natal na George street; sim, são estas bandeiras...
O Natal é uma época em que eles se aproveitam pra lhe enfiarem a faca com relação a doações à caridade, e você fica louco porque são tantas que, se você contribuir com todas vai à falência, ou você precisa de uma grande cara-de-pau pra negar. Nós já temos nossa desculpa: "já doamos a outras instituições", ou "temos nossas próprias instituições para doação". Isso é verdade, mas não é para ser divulgado, é claro. Festival de doações é o que o Natal representa para este povo, o que não está de todo modo errado, mas também significa o lado materialista financeiro da coisa em preponderância de novo.

Caso algum australiano venha cair neste blog, aqui estão algumas fotos da decoração do Natal em Recife, Pernambuco, Brasil.

Decoração de Natal em Recife, Brasil, Ponte
Decoração de Natal em Recife, Brasil, Ponte
Decoração de Natal em Recife, Brasil, Marco Zero
Decoração de Natal em Recife, Brasil, Ponte
Decoração de Natal em Recife, Brasil, centro histórico
E por falar em dinheiro, o que o Natal mais significa para o australiando é justamente isso, compras. Portanto, elegeram o dia 26 como "boxing day" (feriado encaixado), então corresponde a mais um feriado e só as grandes lojas abrem para venda logo cedo pela manhã, uma verdadeira loucura, aonde as pessoas vão se engalfinhar para conseguir comprar promoções. Aqui se comemora o Natal com um almoço no dia 25 e não um jantar na véspera como no Brasil, com direito a reunirem-se novamente no dia seguinte para as sobras do jantar.

Típica e única decoração de Natal em shoppings australianos...
Feliz bolso...
Ora, me perguntem o que eu acho destes tipos de programas: muito bem, "p-r-o-g-r-a-m-a  d-e  í-n-d-i-o"!

Não tenho mais interesse sequer em passear por esta cidade. Ficou tudo igual, não tem nada mais atraente em nenhum lugar, e só vou aguentando até chegar o dia de retornar ao meu maravilhoso Brasil onde estão os meus amigos e familiares de quem eu sinto tanta falta. 


Decoração de Natal no Shopping Plaza, Recife
Decoração de Natal no Shopping Guararapes, Jaboatão
Fora destes programas de índio, toda a Austrália se transforma num convento adormecido. Até mesmo as luzes coloridas das casas não concentram um pé de pessoa do lado de fora, são só para aparecerem mesmo.

Já que não colocamos luzes na nossa casa este ano, vejam as luzes dos outros nas fotos deste artigo em que uma família em Canberra luta para conseguir o record publicado no Guiness. Foram 500 mil lâmpadas coloridas presas a 48 km de fios este ano, com uma conta mensal de energia na base de $5000 reais:


Então, espero que tenham tido um Natal de muita luz, são meus sinceros desejos.

As fotos que se seguem é para o caso de estrangeiros quererem conhecer nossa decoração de Natal nos shoppings do Brasil que tanta alegria deram aos nossos filhos quando eram pequeninos. Aqui na Austrália, isso nem em sonho...









Rua no bairro de Santo Amaro, Recife



segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Booze Urgente

"Booze" significa bebedeira, talagada, e se pronuncia "búuss".

Hoje, segunda feira 16/12/2013, todas as news (jornais de notícias na TV) so falaram no assunto das bebidas em excesso causando brigas e levando uma pessoa a cada 3 minutos para o hospital, algumas com “brain damage” (dano cerebral), devido ao número de “charges” (autuações) e presos que crescem cada vez mais a cada final de semana e os números a seguir foram só deste final de semana daqui de Sydney, duas semanas ainda antes do Natal. 1062 autuações e 540 “arrested” (presos). Os médicos estão indignados com a "cultura australiana" e exigem uma medida urgente.


Booze ou liquor
Na revista GoodWeekend (Bom Fim de Semana) do jornal The Sydney Morning Herald, saiu uma reportagem sobre as pessoas precisarem encher a cara de álcool para poderem falar umas com as outras e arranjarem namorados na Austrália (http://www.smh.com.au/lifestyle/life/blogs/citykat/when-you-cant-talk-to-the-opposite-sex-without-booze-20131128-2yba9.html).

Attempt (tentativa), de A. Picone
Um povo tão civilizado que precisa encher a cara para poder encarar o outro, precisa? Mas infelizmente é assim.

Um rapaz declara que bebe 5 vezes pra poder falar com a mesma garota e só depois consegue encará-la sóbrio, sendo que no meio daquelas vezes eles já transaram, e as garotas falam que para encararem os homens, elas têm que engolirem a "dignidade" e só conseguem depois de vários goles de bebida alcoólica pois só assim se tornam "acessíveis" e "prontas", do jeito que os caras querem.

Quer um gole, hic?
Mas que falsidade, não é? Que problema pra encarar a realidade.

O problema do alcoolismo exagerado na Austrália está tão grande atualmente que virou manchetes em todos os jornais, revistas e televisão, com vários programas especiais e documentários sobre o assunto, repetidos com frequência. Um deles é esse aqui, para quem sabe Inglês:http://www.abc.net.au/4corners/stories/2013/02/25/3695353.htm


Diversão à australiana...
E aqui também no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=2y_1Trmqux8

Toda semana tem várias pessoas em coma ou se recuperando em hospitais entre a vida ou a morte só por causa de brigas durante as noites dos fins de semana no centro de Sydney, só pra citar aqui, em meio às farras regadas a álcool, mas isso acontece na Austrália inteira. O programa também cita a destruição das vidas destas pessoas e de suas famílias e também o perigo para a polícia e os hospitais super-lotados. Anualmente, mais de 70.000 pessoas são envolvidas em brigas por causa de bebidas alcoólicas. 

A venda de bebidas é celebrada como grande contribuinte de impostos, mas o custo da saúde para manter as vítimas vai acabar ultrapassando os ganhos e é por isso que o governo anda preocupado, mais por uma questão de dinheiro do que propriamente por causa das vítimas. Além disso o governo não tem intenção de se confrontar com a poderosa indústria de "liquor", que é como chamam bebida alcoólica aqui na Austrália. Também chamam de "spirits"!


O espírito da bebedeira
Em cada canto da cidade, o único estabelecimento que você vê aberto fora de hora é loja que vende bebida alcóolica, chamada "Liquor Store", de cores berrantes. Até nos super-mercados dentro dos shoppings, as "liquor stores" ficam separadas com entrada e saída independentes e alarme assinalando quando alguém passou, devido ao número de roubos. Não se pode vender bebida alcoólica dentro dos super-mercados, mas pode-se vender numa ala separada dele, que seria para melhor controlar quem está comprando em termos de idade, por exemplo, isto sem falar que os próprios supermercados dão bônus para compra de bebida alcoólica com desconto em cada compra que você faz normalmente. As lojas de venda de bebida tem até as entradas e saídas facilitadas, funcionando muitas vezes como as fast food McDonalds, você entra com o carro, é servido ali mesmo, e sai pelo outro lado, bem rapidinho.

Drive thru bottle shopping (loja de bebidas drive-in)
As pessoas tem se tornado mais violentas e agressivas a cada dia que se passa e a polícia não sabe como explicar isso. As mulheres cada dia mais frequentam as páginas políciais, sendo retratadas arreganhadas nas ruas, vomitando, caídas, ou vítimas de brigas com garrafadas na cara, dadas por outras mulheres. Uma coisa linda. E isso não são prostitutas, podiam ser suas filhas. 

Tarde da noite os ônibus e trens retornam lotados para os subúrbios, cheios de gente bêbada, e mal se acham táxis, enquanto que motoristas de táxis são frequentemente assaltados e surrados por racistas pois geralmente são imigrantes de países como Paquistão, Índia ou Afeganistão. É comum você ver homens cambaleando pelas ruas a qualquer hora do dia.


Dizem que é o australiano típico...
Um programa na TV mostrou a destruição da vida de um jovem surfista e o grande problema em sua casa, com sua família tendo que mudar totalmente de vida para acomodar um deficiente pelo resto da vida dele. Mas a associação australiana de hotéis declara que não existe problema com alcoolismo, claro. Jogam pra cima das drogas e a própria sociedade irresponsável.

Outros pais tem mostrado sua indignação na TV porque o matador do filho deles "só" pegou 6 anos de cadeia... por uma vida tirada. A desculpa é que as cadeias estão cheias...

Nesta outra reportagem (http://www.adelaidenow.com.au/news/opinion/alcohol-fuelled-violence-causes-serious-head-injuries-it-must-stop-now-writes-brian-owler/story-e6freabc-1226482821873) explica-se que geralmente são as pessoas mais sóbrias as que são atacadas, e os ataques muitas vezes mudam completamente a vida destas pessoas dali em diante, e de seus familiares, para muito pior. Por isso não é um problema apenas para os bêbados em baixo ou alto grau, mas muito mais para quem vai cuidar deles depois dos ataques. 

Grande parte dos ataques dá-se por intermédio de um "king hit" (porrada de rei, ou seja, um murro muito violento na cara que quebra o maxilar, o nariz ou a pessoa já desfalece e cai sem controle, batendo com a cabeça o chão ou na parede, causando quebra do crânio e consequente dano cerebral).


King hit (murro do rei) de A. Picone
Não interessa se os bares fecham cedo, se são proibidos de venderem bebidas a partir de certa hora, se são punidos ao permitirem alguém se embriagar além da conta, se proíbem para menores comprarem, se obrigam as pessoas a irem embora a certa hora da noite (chamado "curfeu", não, não é Morfeu não, mas bem que poderia ser), não falta jeito de se driblar estas medidas. 


Bebida num "brown bag" (saco de papel marrom ou pardo)
Encontra-se em todo canto sacos de papel pardo com garrafas de bebidas dentro, que é este o costume da "educada" cultura anglo-australiana de carregar bebida em público sem pegar no gargalo da garrafa. Pega-se no saco de papel, bem discretamente, educadamente, e bem hipócrita como a cara deles.

No mês passado um outro estudante brasileiro foi morto numa destas noites. Diz-se que ele saiu para apartar uma briga de um amigo que estava num bar com ele, levou um safanão tão tremendo que bateu com a cabeça num poste, foi levado descordado para o hospital e morreu ali mesmo assim, sem mais nem menos. Um rapaz formado que estava fazendo curso de Inglês na maravilhosa Sydney, Austrália, o tal paraíso para tanta gente.

Booze (cerveja)
No ano passado foi a vez de outro brasileiro assassinado pela polícia de Sydney com "tasers". Vários policiais montaram no coitado que fugia feito um louco depois de ter sido acusado de roubar... biscoitos numa loja de conveniência altas horas da noite, início da manhã, depois de ter se divertido o dia inteiro onde até futebol chegou a jogar com direito a uma pitada de LSD.

sábado, 7 de dezembro de 2013

A Plantinha

Uma conhecida da ginástica que conversa comigo me falou assim: hoje o tempo está bom para “gardening” (jardinagem).

Eu olhei pra cara dela, pausei e disse, não para mim porque eu detesto “gardening”.

Oh, como é que você pode detestar jardinagem? Você não mora numa casa?
Conversa na ginástica... hum, não é bem assim...
Não, minha filha, moro num apartamento que não tem absolutamente nenhuma planta. Pra você entender melhor, já morei em casa lá em Canberra, que tinha jardim e quintal.

Pois então você deveria gostar de jardinagem.

Não senhora. Você sabe o que é recolher folhas secas de 35 árvores no quintal, colocá-las em sacos enormes pra depois, nos fins de semana, o programa ser despejar as folhas no TIP (depósito de lixo)? Você sabe o que é fazer isso completamente bloqueada por “hay fever” (alergia a pólem, “febre do feno”)?

Só aí nesta ala tem mais de 10 árvorezinhas...
Ah, bem, assim dá pra entender.

Tais árvores cresceram vorazmente e passaram do telhado da casa
Se deixássemos, as árvores ficariam assim
Pois é, de prefeência eu não quero mais ver planta nunca mais na minha vida.

Porém, e sempre tem um porém, tem uma planta lá em casa. Tem uma pequena samambaia que meu marido achou de colocar num vaso, e a danada pegou e está crescendo bonita e formosa.

Acontece que no dia em que o dedetizador veio desratizar a casa, ele notou que tinha uma planta crescendo na emenda entre o chão e a parede da varanda, bem escondidinha. Ele então arrancou a plantinha e deixou lá. Quando meu marido chegou, achou muito interessante porque era uma samambaia, e como tínhamos vasos vazios mas com terra dentro, tudo o que ele fez foi socar a samambaia num deles e pronto. Ele já havia notado aquela plantinha crescendo ali mas não havia feito caso, deixou ela lá, pensando que era uma “weed” (erva daninha).

Bem, não é a mesma planta nem o mesmo lugar, mas dá uma idéia dos lugares impossíveis onde as plantas dão... nenhuma relação com as australianas, por favor
Então, com o sol regular e o excesso de chuvas em Sydney, não foi preciso fazer exatamente nada para a plantinha pegar e crescer robusta e sadia. 

O único trabalho que estou tendo agora com plantas na minha vida é retirar este vaso da chuva, quando a água está muito medonha, o que tem acontecido em Sydney muito frequentemente nestes últimos meses. O vento é tão forte que é capaz de arrancá-la e levar embora. Então eu tiro do local onde ela fica e escondo pra protegê-la da chuva e do vento.

Tão saudável que merece uma foto na net...
Lá vem as plantas entrando na minha vida de novo. Daqui a pouco o vaso vai ficar pequeno para ela, e lá vamos nós tendo que trocar, arrumar outro maior, arranjar terra com minhoca e tal...

Aliás, esse era outro assunto que me dava pavor na jardinagem, as minhocas. Odeio minhocas e outros bichos como aruás, caracóis, lagartixas, rãs, grilos, lesmas, besouros. Isso tinha pra dar e vender em Canberra. A única coisa boa que vi naqueles anos todos foi um ninho de passarinhos numa das 35 árvores, bem ao nível do nosso nariz, embaixo da marquise da casa, bem protegido.

Ovinhos fresquinhos na hora
Crescendo as penas às penas
A família de passarinhos passou a ser nossos “pets”. Acompanhamos o esforço da mãe em construir o ninho, parir os ovinhos, chocar sem ter medo da gente, vimos os bebês nascerem, crescerem, esperarem por comida, irem pra escola,  até que resolveram todos desocupar a casa e ir embora. 

Mamãe não tinha medo de nós
Voltando à jardinagem, lá em Canberra chegamos até a “ganhar” plantas em vasos de presente. Mas que presente de grego, minha gente? Algumas me deram um trabalhão, correndo de um lado pra outro pra aguá-las dentro de casa, uma em cada canto. Além disso tínhamos até caqueiras, e vez por outra trazíamos um tipo ou outro de plantinha pra preencher certos locais dos canteiros. Mas o pior era ter que perseguir as “weeds” (ervas daninhas). Se deixássemos, elas tomavam conta, e algumas tinham espinhos bem maliciosos.

Um copo-de-leite por ano nos meus vasos...
E a grama? A grama do quintal havia sido colocada em pedaços parecendo capachos e tinha irrigação automática. Mas foi justamente quando obrigaram a gente a racionar a água pois Canberra estava secando. Por conta disso a grama ia fazendo buracos. E lá vai comprar sementinhas pra semear, daí a sementinha era de grama diferente. Ficou meio esquisito mas que me importava? No jardim os pássaros traziam sementes de outro tipo de grama que fazia tufos enormes e do meio deles cresciam umas hastes bem altas. Tome cortador de grama nela.

Quem precisa de plantas dentro de casa?
E quando já estávamos descansados, a grama crescia outra vez. Passava o ano inteiro quieta, mas no verão ela se danava a crescer. Cheia de buracos também. A luta contra as “weeds” era perene. Até Coca-Cola jogamos nelas pra ver se matava. Quando usávamos um diabo de um veneno, fazia buracos na grama. Que inferno!

Você acha lindo grama, né? Você tem jardineiro baratinho no Brasil, né? Então tá.