sábado, 14 de janeiro de 2012

Casas Detonadas II

Aqui vão mais algumas fotos de lugares assim não tão glamurosos de Sydney e algumas curiosidades. Isto também é Sydney!

Depois de um ano morando em Sydney, visitamos outros bairros e fotografei mais casas em situações deploráveis, lastimáveis. Eu fotografo porque fico indignada, isso não deveria acontecer numa cidade destas, com um povo com este apregoado nível de educação. Por isso eu gosto de espicaçar, porque é ultrajante que as pessoas convivam com tais coisas e não resolvam.

Lixo em toda parte

Em Sydney, as pessoas costumam colocar lixo grande nas calçadas para ser coletado pela prefeitura da comunidade. O problema é que torna as ruas deploráveis, principalmente para quem faz o cooper, caminha ou passeia com o cachorro pelas calçadas à pé. Se faz assim porque o caminhão passa e coleta o que estiver esparramado lá, ele nem fica esperando você descer do seu apartamento ou carregar suas coisas pelas portas estreitas das casas, e nem tem empregados pra lhe ajudar. Você que se vire e despeje na rua. O resto é com eles.

A coleta tem que ser agendada por você pelo telefone, e eles dizem o dia e hora em que vão passar. Cabe a você esparramar suas coisas lá, então quem não está em casa ou não tem tempo, joga tudo lá e fica até o danado do caminhão passar.


Baguncinha

É assim, quando se liga pedindo a coleta, tem-se que explicar o material exato que está sendo solicitado para ser coletado. Qualquer coisa a mais, eles não levam e se você não recolher de volta para sua casa, acaba levando uma multa. Tem também aqueles aproveitadores que jogam seus lixos na rua para serem recolhidos e o caminhão não coleta porque não foi comunicado, por isto que sempre encontramos tantos lixos nas calçadas e sabe-se lá como ou se as pessoas pagam as multas.

Não é só no Brasil...

Existe também o incrível costume do australiano de juntar lixo. O motivo disso é porque eles compram muito também. Compram tudo, o tempo inteiro, e vão jogando os objetos obsoletos onde podem. Como em Canberra a maioria das pessoas mora em casas com garagens, grande parte delas não é usada para guardar os carros, mas para guardar as tralhas obsoletas. Aqui em Sydney é um pouco diferente porque nas partes centrais não tem espaço como em Canberra, então algumas pessoas jogam a tralha no quintal, no oitão, no jardim, e muitas vezes fica tudo  exposto. Eles não tem acanhamento de morarem no meio da parafernália.

Dentre as coisas interessantes de Sydney, damos de cara com comércio de geladeiras, fogões e máquinas de lavar usados, ou seja, todo mundo tem direito. Se tem loja é porque o povo compra também, não é? E o melhor de tudo é que tem quem perca seu tempo consertando coisas usadas. Num país em que coisas usadas são consideradas inúteis e o preço do conserto fica maior do que o preço do objeto novo, parece que existem dois países, um dentro do outro.

Interessante comércio de linha branca usada

Ultimamente tivemos a oportunidade de conhecer um bairro afastado, bem afastado, a cerca de 40 km do centro. Ficamos pasmos com a semelhança com Canberra, casas enormes, luxuosas, mais baixas ou mais altas do que as ruas conforme as colinas, 4x4 e iates na entrada, ruas curvas, arborizadas, fartura de jardins com grama verde, e também super mal iluminadas à noite, tal como em Canberra, escuridão total. Certamente estas pessoas têm suas garagens abarrotadas de tralha.


Bem, isso é uma caixa de coleta para a caridade... tem gente que não pode esperar!

Estes bairros também são repletos de condomínios fechados com muros altos e portaria com segurança (ou mesmo sem segurança), todos compostos de casinhas chamadas “town houses” (casas de cidade) pois não são muito grandes mas têm 2 andares, isoladas ou não, mas nunca constituídos de prédios, e muito menos prédios altos.

O problema destes bairros é que alguém para ir trabalhar ou ir para a universidade leva 2 horas de viagem de ida e mais 2 horas de viagem de volta. Além disso, se for de carro, paga 3 pedágios de ida e 3 de volta, cada pedágio na faixa de 6 Reais, sem falar no que se gasta de combustível andando a 60 km/h em avenidas congestionadas e cheias de sinais. 

Muralha de proteção contra avenida movimentada

Abandonada ou mal cuidada?
Interessante comércio de calotas de carros usadas...
Carro abandonado
Os 9 andares de garagem do Shopping Broadway (mais 2 no subsolo) de que falei antes. Descer do nono andar deixa você tonto.
Lixo para ser coletado
Casinha sofrida
Mais lixo para não ser coletado
Outra coisa interessante é a profusão de ruas minúsculas, estreitíssimas, que só cabem um carro de cada vez, as quais ficam nos fundos do casario típico de Sydney, tudo agarradinho, casas com 4 m de largura, conjugadas, sem oitões, as quais servem para se acessar suas garagens.

Muitas destas casas tem uns 50 m de fundura. Não me perguntem como é a ventilação delas, pois nunca entrei numa, até agora.

Pois estas casitas de 4 m de largura é o que mais tem em Sydney, perto do centro. Perto, quer dizer, num raio de 15 km. Mas não pensem que são casas pobrezinhas de pessoas que não têm recursos. Tais casas custam mais de um milhão e meio de Reais. Também não me perguntem como é que pode, e muito menos se eu compraria uma delas. Só louco...

Interessantes ruazitas de garagenzitas das casitas típicas agarraditas umas nas outritas (sim, elas tem garagem!)
Mais bequinhos com garagenzitas pequetitas.

Mas algumas dessas casas estreitas são reformadas pra fazerem jus aos preços, e se tornam verdadeiras obras primas, embora por fora ninguém dê nada pela casita. Pior que tem gente que tem Hummer... (Hummer é um jipão norte-americano que custa centos mil Reais) pra caber nas tais garagens.
 
As tais ruazitas costumam ser acesso a outras ruas e cruzá-las é bem pitoresco. Só se vêem latões de lixo e portas de garagens, e se vier um carro ao contrário, é preciso negociar direitinho como é que vai dar pra passar, tudo bem delicado. Estas ruas estão em toda parte, horizontais, descendo ou subindo ladeiras.
Exemplo das casitas de 4 m de frente
Algumas coisas em Sydney são delicadas assim como estas ruazitas.